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Procrastinação é sinônimo de preguiça?

  • Foto do escritor: Simone Demolinari
    Simone Demolinari
  • 19 de set. de 2019
  • 2 min de leitura

Muitas pessoas têm o terrível hábito de adiar os afazeres para o último minuto. Perdem prazo, vivem atrasados, pedindo desculpas, se sentem irresponsáveis e preguiçosos. Mas será que procrastinação é sinônimo de preguiça? É preciso nos aprofundarmos com cautela nesse assunto.


Há pessoas que não se habituaram à disciplina. Com isso, tendem a priorizar o prazer em detrimento da obrigação. Se beneficiam do imediatismo momentâneo e empurram todo o resto para depois. Esse comportamento pode ter a raiz fincada na infância. Crianças cuja criação foi de muita cobrança e pouca orientação tendem a ser adultos desorganizados regidos pelo “princípio do prazer”.


Outra questão que deve ser levada em conta é a possibilidade de o procrastinador estar num quadro depressivo. E não me refiro à depressão clássica incapacitante, mas, sim, à distimia, um tipo de depressão de moderada intensidade onde o indivíduo tem baixa energia para realização das tarefas rotineiras. Geralmente, consegue executar as obrigações principais como ir ao trabalho ou à aula. As demais funções são adiadas pois não há combustível para realizá-las.


Um aspecto importante a ser considerado é que procrastinar vicia. Deixar as coisas para a última hora e depois resolvê-las em tempo recorde e sob a pressão do estresse é altamente viciante. Um efeito químico semelhante às substâncias produzidas quando se pratica esportes radicais. Somado a isso, há um fator psicológico que ocorre cada vez que o indivíduo, mesmo empurrando as obrigações, consegue resolvê-las aos “45 minutos”. Nessa hora, há um reforço positivo com a mensagem: “eu consigo”. Essa descarga de substâncias no organismo é altamente viciante, ficando o indivíduo, inconscientemente, tendencioso a procrastinar todas as ações. Assim como a droga: quando mais se usa, mais se quer.


Outra questão comum aos procrastinadores é não terminar aquilo que começaram. Isso ocorre pois eles dividem mentalmente a tarefa em duas partes; a primeira (a mais fácil) e a segunda (a execução). Ao cumprir a primeira, há um comando mental de que a tarefa foi cumprida. É por isso que muitos compram o livro e não lêem; pagam a academia e não vão; compram cursos e não estudam. Um autoengano que, além de prejuízo financeiro, ainda traz um mal-estar emocional.


Deixar tudo para depois é uma conduta que prejudica sobremaneira a autoestima, pois significa a total perda de domínio sobre si. Por isso que as pessoas com esse mal hábito estão constantemente insatisfeitas consigo mesmas.


Mudar esse comportamento não é fácil, mas é possível. O primeiro passo é assumir o compromisso contínuo de cumprir o prazo estipulado até o fim da tarefa sem aceitar justificativas. Marcar datas e executá-las. Cada vez que a procrastinação é vencida, sobe a autoestima, um importante componente para manter a espiral ascendente e a vida em dia.

 
 
 

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Psicoterapeuta com formação em Psicanálise Clínica e Mestrado com linha de pesquisa em Anomalia Comportamental pelo ISCTE / Fundação Getulio Vargas.
Articulista do Jornal Hoje em Dia e Revista Exclusive.
Desde 2010 está no ar diariamente na rádio 102,9 FM; e desde 2014 semanalmente na 98 FM falando sobre comportamento.

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